1912 – Famílias da colônia italiana manifestam à Igreja o desejo de erguer um templo em honra de Nossa Senhora do Carmo, muito admirada em especial pelos napolitanos.
1919 – Após a doação de um terreno de 4 mil m² pela família Queiroz, a pedra fundamental da igreja foi lançada pelo Pe. Luiz Capra, com recursos das famílias tradicionais.
1940 – Criação da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, que a princípio fez parte da Arquidiocese de São Paulo. A comunidade foi oficializada como paróquia.
O sacerdote percebeu que muitos consideravam a Matriz da Vila Assunção um tanto deslocado dos arredores da estação ferroviária. Desta forma, foi no paroquiato deste padre que se iniciou uma campanha popular para a construção de uma igreja mais central.
Em meados de 1912 já consta em registros históricos a existência de uma Capela do Carmo na região central. A devoção à este título mariano tinha raízes profundas e era muito difundida na região, antes mesmo da Paróquia Santo André ter sido criada. A festa religiosa de Nossa Senhora do Carmo era considerada a mais bela e mais concorrida das festas religiosas promovida pelos napolitanos. Considerando tudo isso, pode-se dizer que daí surgiu a inspiração da que, décadas mais tarde, seria chamada Paróquia Nossa Senhora do Carmo.
Em vista de uma localidade mais central, tendo como referência a estação ferroviária, obteve-se em 1917 a doação de um terreno com mais de 4 mil metros quadrados que hoje tem o nome de Praça do Carmo. A quantia inicial para as obras foi obtida com as famílias da cidade. Em 29 de Junho de 1919, sob a direção de Pe. Luiz foi lançado a pedra fundamental. Em 1920, devido ao falecimento do pároco, as obras foram paralisadas.
No ano de 1925 a construção foi retomada sob orientação do engenheiro Pouchon, possibilitando que naquele ano fossem celebradas as festividades do Natal no templo novo. Em Julho de 1928, padre Carlos Porrini, CS, tomou posse como reitor da Igreja do Carmo, causando avanço nas obras, a construção da casa paroquial e das primeiras associações religiosas. Datam dessa época a compra dos primeiros bancos, sinos e vitrais, a instalação da luz elétrica e início das obras nas capelas laterais. A casa paroquia foi inaugurada em novembro de 1929.
Padre Mário Rimondi, CS, chegou à Igreja do Carmo em 1934 para ocupar o cargo de reitor, terminando o interior da Igreja e destinando uma sede social para as diversas irmandades. Com a ajuda dos padres Luís Corso e Jerônimo Angeli, a ação pastoral se intensificou tanto que, em 25 de janeiro de 1940, o Arcebispo de São Paulo Dom José Gaspar de Affonseca e Silva criou a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, a 5ª da região da atual Diocese, e confiada aos sacerdotes diocesanos da Arquidiocese de São Paulo.
Um mês depois, Monsenhor Silvestre Murari foi nomeado primeiro pároco, permanecendo até 1943, quando Monsenhor José Bibiano de Abreu assumiu o exercício a da cura das almas na nova paróquia. Ele foi o responsável pela comissão da instauração da Diocese, pois na década de 1950, os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo (de onde foi desmembrado Diadema), São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires (de onde foi desmembrada Rio Grande da Serra) totalizavam cerca de 320.000 habitantes.
Foi em 18 de Julho de 1954 que o Papa Pio XII assinou a Bula “Archiodiocesis Sancti Pauli”, que separou o território do ABC da Arquidiocese de São Paulo e criou a Diocese de Santo André confiada a Dom Jorge Marcos de Oliveira. A antiga Paróquia Nossa Senhora do Carmo foi por esse documento elevada à Catedral Diocesana: pela localização central (fácil acesso aos habitantes dos 5 municipios), pelo seu estilo arquitetônico neogótico e por possuir a estrutura necessária para acolher a sede do Bispado. Assim, a casa paroquial tornou-se residencia episcopal e o piso superior do salão paroquial foi destinado à sede da Cúria Diocesana.
Quatro anos depois da elevação da Paróquia a Catedral Diocesana, após terem sido concluídas as pinturas da nave central e das capelas laterais pelos irmãos Enrico e Fernando Bastiglia, a Celebração de Dedicação da Igreja e Consagração do altar-mor aconteceu em 22 de Agosto de 1958, por D. Jaime de Barros Câmara, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.
No ritual litúrgico da dedicação de uma igreja destacam-se elementos essenciais: a aspersão com a água benta, a deposição das relíquias dos santos, a unção sagrada do altar e da igreja, a incensação, a iluminação e, por fim, a Celebração Eucarística.
A Santa Missa começa substituindo o ato penitencial pela a aspersão da água benta. Por seu caráter de exorcismo, são aspergidos o altar e as paredes da igreja, para purificá-los, assim como todo o povo, em sinal de penitência, e em lembrança do Batismo. A aspersão começa pelo altar que depois se estende ao templo inteiro.
O costume de colocar relíquias de santos sob o altar originou-se nos primeiros séculos da Igreja, nas catacumbas, para celebrar a Missa sobre a pedra tumular de um mártir. Isso significava que o sacrifício dos membros encontra seu princípio no sacrifício de Jesus Cristo na Cruz que se concretiza na Santa Missa. No altar-mor de nossa Catedral, estão depositadas relíquias de São Sebastião e de Santa Maria Goretti.
A unção do altar é feita com o óleo do Crisma: ele confere ao cristão a perfeição de seu ser sobrenatural e também é utilizado na unção de sacerdotes e bispos. Por todas essas razões, o óleo santo flui abundantemente sobre o altar, que é o Cristo, Pontífice e Rei. Assim como ocorreu com a água, a igreja é ungida com o óleo, nas doze cruzes fixadas nas paredes do Templo, em sinal de triunfo, pois a Cruz é o estandarte de Jesus Cristo e a insígnia de sua vitória.
É para mostrar que este local está sob o domínio do Senhor que as cruzes são incrustadas nas paredes. As unções são doze para significar que a igreja é a imagem de Jerusalém Celeste, a cidade santa, da qual está dito no Apocalipse: “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e neles os doze nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro” (Ap 21, 14).
Depois do rito da unção, coloca-se sobre o altar um fogareiro para queimar o incenso ou os perfumes, simbolizando com esse ato que o sacrificio de Cristo, perpetuado ali sacramentalmente, sobe até Deus como suave aroma, juntamente com as orações dos fiéis. A incensação de todo o espaço da igreja indica ser ela, pela dedicação, uma casa de oração. Também os fiéis são incensados, por serem “templos vivos de Deus” (Cf. 1 Cor 3,16-17; Ef 2, 22).
Por fim, ilumina-se festivamente a igreja, pois Cristo é a luz para iluminar as nações. As doze velas colocadas no lugar das unções são acesas em sinal de alegria. Postas diante das cruzes, elas simbolizam os doze Apóstolos que, pela Fé no Crucificado, iluminaram o universo, o instruíram e o inflamaram de amor. Nos lugares onde serão feitas as unções, evocam precisamente os Apóstolos: a sua Fé constitui a verdadeira luz que ilumina a Igreja. E, ao mesmo tempo, é o fundamento sobre o qual a Igreja está alicerçada.
Partindo dos doze apóstolos, a missão de anunciar a salvação foi avançando e dois mil anos depois, ela continua por pessoas corajosas que dedicam sua vida à construção do Reino de Deus. Ao longo dos últimos 60 anos, muitos se empenharam e trabalharam pela Catedral Diocesana Nossa Senhora do Carmo, a fim de que ela seja presença da Graça Divina em nosso meio: “Deus habita esta cidade” (S1 47,9).